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Cinema Crítica

Capitão América: admirável mundo novo - inconsistente tecnicamente mas grandioso nas atuações

É um longa que apresenta problemas narrativos e inconsistências técnicas decorrentes da falta de tempo na pós-produção, mas está longe de ser um filme vazio ou sem alma

18/02/2025 às 20h10 Atualizada em 18/02/2025 às 23h20
Por: Romison Florentino
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Harrison Ford e Anthony Mackie em Capitão América: Admirável Mundo Novo (Foto: ©MARVEL STUDIOS)
Harrison Ford e Anthony Mackie em Capitão América: Admirável Mundo Novo (Foto: ©MARVEL STUDIOS)

Sabe aquela sensação de assistir a algo com grande potencial, mas cuja execução não consegue exercer o papel desejado? É exatamente isso que acontece em Capitão América: Admirável Mundo Novo. É um longa que apresenta problemas narrativos e inconsistências técnicas decorrentes da falta de tempo na pós-produção (acarretada pelo realinhamento editorial que visava reestruturar a continuidade deste e de outros projetos), mas está longe de ser um filme vazio ou sem alma.

A narrativa se inicia com o Sam Wilson (Anthony Mackie),trajado de Capitão América, em missão para recuperar uma carga misteriosa a pedido da Casa Branca. Ele conta com apoio de militares e de Joaquin Torres (Danny Ramirez), o novo Falcão. Ainda no início do primeiro ato do filme, ocorre um evento na Casa Branca que conta com os dois como convidados de honra, momento que descobrimos que a carga misteriosa é Adamantium manipulado que foi roubado do Japão e recuperado pelos Estados Unidos. 

A trama política se estabelece a partir desse ponto, que se baseia na tentativa de Thaddeus Ross (Harrison Ford), agora presidente dos Estados Unidos, em estabelecer um tratado com Japão, Índia e França para que a exploração do metal na Ilha Celestial seja dividida igualmente entre as nações.

A Ilha Celestial que, na verdade, é o corpo de Tiamut, o Celestial derrotado em Eternos, que ficou com parte do corpo petrificado para fora do oceano. A reunião na Casa Branca é interrompida, quando Isaiah Bradley (Carl Lumbly), o Capitão América esquecido, atira na direção de Ross no que parece ser um ataque terrorista premeditado junto com outras quatro pessoas presentes. A partir daí é geopolítica, investigação e jornais como ferramenta narrativa sobre passado e presente do núcleo principal.

Inconsistente tecnicamente mas acima da média nas atuações 

Capitão América 4 passou por muitas regravações desde o seu anúncio, em que teve como título “Nova Ordem Mundial”. Tudo isso é perceptível em tela, alguns personagens parecem estar pouco entrelaçados na história, quase nenhum personagem de apoio é desenvolvido de forma consistente dentro na narrativa. Shira Haas como Sabra é totalmente mal aproveitada e parece ter caído ali como um efeito colateral, por exemplo.

(Foto: © MARVEL STUDIOS)

 

Ao mesmo tempo, é exatamente nas relações interpessoais que o filme cresce e encontra o seu lugar ao sol. O desenvolvimento de Sam Wilson com Joaquim Torres é de fato o maior acerto da produção. Há uma troca mútua aqui, entrosamento, um sentimento genuíno, que é palpável, transborda a telona. 

O ápice de Admirável Mundo Novo se chama: Thunderbolt Ross (Harrison Ford), como Hulk Vermelho. Muito além do que ter acertado no design de personagem e de ter entregado um CGI (Computação Gráfica) honesto, Ford se entrega de forma visceral ao personagem, trazendo uma atuação complexa, um Ross imponente mas vulnerável, inflexível mas afetivo. Uma adição primordial ao elenco.

Terceiro ato bagunçado, clímax apressado e gráficos inacabados

O terceiro ato do filme cai muito na entrega. A batalha final pode tirar o espectador do fluxo narrativo pela discrepância de refinamento de pós-produção. Um dos principais pontos está na iluminação e fotografia errada: tudo fica um pouco embaçado, distante, nitidamente um estúdio com Chroma Key (tela verde) e um calendário apertado. 

Sam Wilson como o novo Capitão América é um acerto?

Com toda certeza. O filme estabelece de forma coerente o Sam como o novo Capitão, isso é inegável. Toda a dualidade presente entre o “aceitar o manto” e “não se sentir suficiente" está ali o tempo todo. Inclusive os diálogos funcionam na maior parte do tempo. Por mais que haja uns momentos de alívios cômicos fora de tom, o filme constrói uma narrativa interessante com os diálogos, ficando longe de excessos como em Thor: Love and Thunder (2022).

Após reformulações, a Marvel parece estar se reencontrando. Ainda em 2025 há outros dois grandes projetos para estrear nas telonas: Thunderbolts e o tão aguardado reboot de Quarteto Fantástico, filmes que prometem direcionar os caminhos e  estabelecer os rumos que o estúdio pode traçar nos próximos anos. 

 

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Cinema & Cultura Pop | Com Romison Florentino
Cinema & Cultura Pop | Com Romison Florentino
Sobre Romison Florentino é um jovem jornalista que descobriu sua paixão aos 11 anos. Fascinado por cultura pop, tecnologia e política, ele analisa as grandes estreias da sétima arte, explorando não apenas o entretenimento, mas também os impactos culturais e narrativos das produções. Toda segunda-feira, um novo texto traz reflexões sobre filmes, séries e o universo da cultura pop. Além de colunista da CBN Maceió, Romison é responsável pelas redes e pelo posicionamento de marca da Rádio que Toca Notícia.