Sábado, 26 de Abril de 2025
32°

Parcialmente nublado

Maceió, AL

Cultura Cultura

Espaços que mantém viva a história de São Miguel dos Campos

O antigo Palacete dos Barões de São Miguel dos Campos

20/09/2019 às 11h39 Atualizada em 25/02/2021 às 08h10
Por:
Compartilhe:

O pequeno município de Alagoas, São Miguel dos Campos, contribui para formação de uma rica cultura de patrimônios históricos alagoanos.

A cidade de São Miguel dos Campos situa-se inteiramente sobre a bacia sedimentar de Sergipe, sua população, atualmente, é estimada em 61.204 habitantes. O pequeno município tem uma trajetória rica desde 1501, quando encontrada pelos portugueses, através do rio São Miguel. Índios Sarnambis, remanescentes dos Caetés, foram os habitantes encontrados pelos os portugueses. 

O povo Miguelense é marcado por sua bravura, que pouco é conhecida, tanto pelos alagoanos, quanto pelos moradores da geração mais nova. Destaca-se um marco primordial de sua cultura e história, a participação dos miguelenses na luta contra os Holandeses, na destruição do Quilombo dos Palmares e na revolução republicana de Pernambuco, em 1817. 

Um dos patrimônios históricos dos Miguelenses, é a Casa da Cultura, ou “Casarão”, como é conhecida por todos, sendo o ponto de referência para aqueles que nunca foram à cidade. 

 

A Casa da Cultura funciona atualmente como museu, o monumento antigo, apresenta um valioso acervo. Mas, até ser um museu, tem muita história, vidas e personagens importantes por trás. 

O monumento – O antigo Palacete dos Barões de São Miguel foi originalmente construído para servir como residência da família do Barão Epaminondas da Rocha Vieira e sua esposa Antônia Leopoldina da Rocha Vieira, ambos descendentes de personagens importantes no contexto histórico alagoano, o Visconde de Sinimbu e Ana Lins.

Pertenceu aos barões de São Miguel dos Campos, Epaminondas da Rocha Vieira e Antônia Leopoldina de Rocha Vieira, ambos eram primos, o senhorial sobrado existe desde o início do século XIX, mais ou menos no ano de 1827, o Barão, filho de Francisco Frederico da Rocha Vieira, irmão do Visconde de Sinimbú, neto de Ana Lins e Manuel Vieira Dantas. 

Os historiadores contam que a baronesa é uma senhora muito caridosa, simples sem ferir o porte de grande dama, vivia de coração aberto a todos e aos que a visitavam no luxuoso solar coberto de tapetes, em meio das conversadeiras de palhinha e jacarandá e ao brilho dos lambris dourados e dos candelabros de cristal. O Barão faleceu em 1897 e a Baronesa em 1914, registro encontrado nas pedras tumulares do cemitério miguelense. Ela morreu 17 anos após o marido e a residência baronial popularizou-se como o sobrado da Baronesa. 

Possuidores de engenhos, sem pagar os impostos, perderam o palacete para o Estado. Vindo a ser a primeira prefeitura de São Miguel dos Campos, a Prefeitura na época da intendência (quando os prefeitos eram indicados pelo governador), a Recebedoria Estadual e a Cadeia Pública. Quatro quartos do palacete se tornarão as celas, chegando ocupar 50 presos, por cela, segundo o historiador Ernande Bezerra de Moura, responsável hoje em apresentar a Casa da Cultura aos visitantes.

A residência aristocrática foi transformada em Casa da Cultura no dia 04 de fevereiro de 1984, ocupava o governo do Estado Divaldo Suruagy, Prefeito Wellington Apratto Torres, e o Secretário Estadual de Educação e Cultura o miguelense Douglas Apratto Tenório, que contribuíram para sua fundação através de requerimentos aprovados pelos vereadores da época. 

A solidariedade da população

 A Casa da Cultura foi estruturada a partir de doações de moradores voluntários, que de porta em porta iam solicitar peças para compor o acervo, dentre eles Vânia Alves de Sá (1a Diretora), José Barbosa de Moura, Milton Moura, Marly Ribeiro e o pintor miguelense Fernando Lopes, que doou grandes obras reunidas por ele para a Casa. Ao longo dos anos a Casa da Cultura passou por várias mudanças na busca de atender os anseios da sociedade que participava ativamente das atividades culturais (cursos, apresentações teatrais escolares, recitais de poesias, sarau dentre outras). 

A Casa de Cultura e museu cultural Fernando Lopes, é constituída por um acervo que possui um valor memorável para os artistas tanto da cidade de São Miguel dos Campos, como artistas de cidades vizinhas e de toda Alagoas. A casa homenageia muitas figuras ilustres de Alagoas, como: Fernando Lopes, um dos grandes pintores alagoano, professor Douglas Apratto, Marilia Candida Palmeira, Roberto Lopes, Nair de Albertina, José Barbosa de Moura entre outros homenageados. 

O Patrimônio Cultural é muito importante para manter a identidade e história da cidade viva, de acordo com Ernande Bezerra. “A Casa da Cultura, é extremamente importante para nossa cidade, porque podemos ver a identidade cultural da cidade permanecer, além de tornar público nossa história para visitantes de outras cidades”, disse Ernande. 

 

 

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Amauri Campos Matos Há 2 anos Maceió - Alagoas Que maravilha, resgatar nossa história, parabéns pela reportagem, convivi com vários personagens recentes na criação da casa da cultura. Parabéns ao amigo Ernande por manter viva nossa memória Miguelense.
Ernande Bezerra de Moura Há 2 anos São Miguel dos Campos - Alagoas.Foi de fundamentação importância esta matéria sobre o sobrado dos barões de São Miguel.A CBN de Maceió está de parabéns! Um abraço e um feliz natal para todos da equipe.
Mostrar mais comentários