Na tarde desta terça-feira (15), após cinco dias de intensas buscas, foi encontrado o corpo da bebê Ana Beatriz, que desapareceu no último dia 11, em Novo Lino, no interior de Alagoas. A criança estava no quintal, enrolada em um saco de plástico dentro de um armário de madeira dentro da casa da própria mãe, que até então mantinha a versão de que a filha havia sido sequestrada.
A mãe da criança, Eduarda Silva, saiu de ambulância da residência após o corpo da criança ser encontrado com o auxílio de cães farejadores do Corpo de Bombeiros. No momento, ela é a principal suspeita pela morte de Ana Beatriz.
A notícia da localização do corpo da criança abalou a vizinhança e, para evitar qualquer tipo de revolta ou justiça popular, a Polícia Militar reforçou o policialmento do lado de fora da residência.
Desde o desaparecido da bebê, a Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP) mobilizou todas as forças para localizar Ana Beatriz. Em uma coletiva de imprensa, na noite de segunda-feira (14), o delegado Igor Diego informou que a mãe da criança já prestou cinco depoimentos diferentes desde o início das investigações, sendo a última versão a que a polícia agora considera como foco principal.
Segundo ela, dois homens encapuzados, usando luvas e casacos, teriam invadido a residência durante a madrugada — após ela, supostamente, ter deixado a porta aberta —, abusado sexualmente dela (sem conjunção carnal) e, em seguida, levado a bebê.
A polícia, no entanto, encontrou inconsistências relevantes nos relatos. Igor Diego explicou que nenhuma testemunha — entre familiares e vizinhos — relatou ter visto Ana Beatriz desde a noite da quinta-feira anterior ao suposto sequestro, tampouco escutado choro ou sinais da presença da criança entre aquela noite e a manhã da sexta-feira.
Além disso, investigações indicam que, na quarta-feira à noite, a mãe da criança buscava ajuda para lidar com fortes cólicas da bebê. “Ela relatava que Ana Beatriz estava com a barriga inchada e bastante irritada. Chegou a pedir indicações de medicamentos e sugestões de troca de leite”, disse o delegado. “Contudo, após isso, não houve qualquer atualização para essas pessoas sobre uma melhora no quadro da criança”.
“Ela apresentou cinco versões diferentes. E durante esses dias, gastamos toda a energia da Polícia Militar e da Polícia Civil para verificar cada uma das versões. Quando mostramos que não batiam com os fatos, ela inventava uma nova versão. E não tínhamos como descartar nenhuma até então”, completou.
O delegado João Marcello, também da Dracco, explicou que a primeira versão apresentada pela mãe, no próprio dia do desaparecimento, foi a de um suposto sequestro cometido por quatro homens armados, que teriam abordado a mulher em um ponto de ônibus na BR-101 e levado a bebê de seus braços. Segundo ela, os criminosos estavam em um carro preto, modelo Classic, e ela estaria a caminho da casa da sogra. No entanto, testemunhas que estavam no local negaram a presença do veículo e afirmaram que viram a mãe sair de casa e ir à casa de uma vizinha sem a criança.
Após ser confrontada, Eduarda mudou sua versão várias vezes, passando a afirmar que os suspeitos eram dois, estavam a pé, depois armados com faca, depois desarmados, até chegar à quinta versão, já detalhada por Igor Diego. Vizinhos também negaram ter ouvido qualquer barulho ou pedido de socorro na madrugada do desaparecimento, o que levanta ainda mais dúvidas sobre a veracidade do relato da mãe.