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Geral Ação judicial

Sesau apoia proposta da Defensoria sobre o futuro do Portugal Ramalho

Instituições são contra à lógica da internação manicomial

10/04/2025 às 14h43 Atualizada em 10/04/2025 às 15h51
Por: Julita Bittencourt Fonte: Ascom DPE
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Foto: Reprodução/G1
Foto: Reprodução/G1

A Supervisão de Atenção Psicossocial (SUAP), da Secretaria de Estado da Saúde (SESAU), manifestou apoio formal à proposta da Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE) de substituir o projeto de construção de um novo Hospital Escola Portugal Ramalho por um hospital geral com leitos psiquiátricos integrados à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

A estrutura da unidade foi comprometida em razão do afundamento do solo causado pela mineradora. Diante disso, o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério Público Estadual (MPE) moveram uma ação judicial que resultou em acordo para que a Braskem construa um novo equipamento de saúde em substituição ao hospital.

No entanto, a Defensoria Pública, por meio do Núcleo de Proteção Coletiva, recorreu dos termos do acordo por entender que ele reforça a lógica da internação manicomial — incompatível com a legislação brasileira e com tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

O parecer apresentado pela SUAP, no último dia 1º, reconhece que manter ou reconstruir um hospital psiquiátrico fere diversas normas legais, como a Constituição Federal, a Lei Antimanicomial, a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e diretrizes do Ministério da Saúde. O documento destaca ainda que, com a revogação da Portaria nº 3.588/2017 e a publicação da nova Portaria GM/MS nº 5.687/2024, os hospitais psiquiátricos foram oficialmente excluídos da RAPS, deixando de integrar a política pública de saúde mental.

 

A SUAP também aponta a urgência na implantação de leitos de saúde mental em hospitais gerais, especialmente na 1ª Região de Saúde — que abrange Maceió —, onde há um déficit de pelo menos 41 leitos. Além disso, o documento sugere a elaboração de um Plano de Desinstitucionalização, a redefinição do perfil assistencial do novo equipamento a ser construído pela Braskem e a realização de nova deliberação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) sobre esse perfil.

 

Para o Defensor Público Marcelo Barbosa Arantes, o posicionamento da SUAP fortalece juridicamente a tese defendida pela Defensoria Pública, que busca garantir que a substituição do Hospital Escola Portugal Ramalho represente não apenas a construção de um novo prédio, mas uma verdadeira mudança de paradigma na atenção à saúde mental em Alagoas.

 

“O documento também contribui para combater a desinformação sobre o tema, que tem sido tratada de forma superficial e, muitas vezes, equivocada — inclusive por profissionais da área da saúde. A SUAP, ao concluir seu parecer, invoca o legado de Nise da Silveira para reforçar a urgência da superação do modelo hospitalocêntrico, destacando que ‘o Estado de Alagoas pode reescrever a história da política de saúde mental, sendo condizente com as normas nacionais e internacionais’”, pontua o defensor.

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