A água fornecida para a população que reside nos municípios de Limoeiro de Anadia, São Sebastião, São Brás, Feira Grande, Campo Grande e Olho d’Água Grande, especialmente na zona rural, não é de boa qualidade. O diagnóstico é da equipe de Recursos Hídricos (Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário) da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco que, durante duas semanas, visitou 40 pontos de distribuição, públicos e privados.
Foi constatado que os consumidores estão matando a sede com água que sequer está passando pelo processo mínimo de tratamento e cujas amostras apresentaram falta de cloração, presença de coliformes totais e, grande parte delas, bactérias Escherichia coli (e.coli), principais responsáveis pelos surtos de diarreia que acometem os moradores do Agreste alagoano.
As 40 amostras de água foram recolhidas de sistemas de distribuição - SAA, soluções alternativas coletivas (SAC) sem rede - como chafarizes - e intradomiciliares. Os técnicos comprovaram que a maioria delas estava sem a presença do desinfetante cloro o que, por consequência, resulta em contaminação da água por coliformes totais. Tal resultado levantou um alerta da equipe coordenada por Elisabeth Rocha, engenheira sanitarista ambiental do Ministério Público do Estado de Alagoas: “O que pudemos comprovar é que a população dessas cidades vive em situação de vulnerabilidade hídrica, ou seja, está consumindo água de má qualidade, ficando exposta a riscos à sua saúde”, disse ela.
Análises feitas in locu
Elisabeth Rocha explicou que a primeira análise é feita ainda no próprio local da coleta, onde a FPI já consegue constatar se a água passou pelo processo de cloração. “Água não tratada é sinônimo de risco à saúde pública, por isso, iniciamos o trabalho em cada ponto de interesse da fiscalização, identificando se o cloro foi colocado na água fornecida ao povo. Em questão de minutos conseguimos ver o resultado, ou seja, detectar se houve ou não o processo de cloração. Como boa parte apresenta ausência da substância, nós já nos dirigimos às secretarias municipais de saúde para fazermos a notificação, uma vez que as análises estão em desacordo com a Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde. Por meio de tais notificações, orientamos sobre os procedimentos que devem ser implementados, dando prazos para essas adequações. A situação é mais grave na zona rural”, relatou.
O segundo passo para identificar a qualidade da água passa pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), que formalizou parceria com a Prefeitura de Arapiraca para que os ensaios fossem realizados durante o período da FPI. “O técnico do Lacen fica à disposição da FPI para realizar as análises considerando os parâmetros sentinela, um método prioritário para o setor de saúde por apresentar resultados analíticos em até 24 horas. Concluída a avaliação, em menos de um dia a gente já consegue saber o tamanho do risco daquela água, o que permite à FPI adotar as medidas necessárias junto aos gestores”, detalhou Elisabeth Rocha.