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Cultura #Oaprendizdemecanico

A escolha de ter que segurar uma caneta ou uma chave de fenda nas mãos

A vida de um jovem muda quando ele é enviado para trabalhar em uma oficina mecânica

02/12/2019 às 09h14 Atualizada em 02/12/2019 às 10h04
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Foto: Reprodução/Netflix
Foto: Reprodução/Netflix

O  filme da Netflix lançado em maio de 2019, é uma narrativa construída na áfrica, na qual o grande protagonista é um garoto chamado Ponmile, de 11 anos. Ele é de um bairro de classe média alta, estuda em um dos melhores colégios da região. O garoto está em uma fase ruim na escola, e o seu pai resolve 'castigá-lo', levando-o para passar um dia em uma oficina como um humilde aprendiz de mecânica. A princípio, dentro daquele ambiente tão humilde, com outras crianças mais novas que Ponmile, o espectador se revolta, e passa a ver o pai como um desumano, incompreensivo. Mas, no decorrer do filme, outros personagens são apresentados. Cada mecânico tem sua especialidade nos consertos, ou seja, o que conserta a parte elétrica do carro, os pneus, etc. Apenas um que domina a arte, a magia nas mãos, é dessa forma que os outros mecânicos fala do  'Ajertina', o que ajeita qualquer coisa, e é o mentor de Ponmile.

Apesar de a narrativa ser bastante confusa, ela passa a sua mensagem. A primeira confusão é com tempo, sendo um dos motivos que leva a quem está assistindo ficar contra o pai, pois, o garoto passa apenas um dia confinado na oficina de mecânica, mas o tempo apresentado parece ser de dias, mas apenas no final que realmente dá para entender a realidade e lição de vida que o pai quis apresentar ao filho.

É levantado umas críticas bastante relevantes, de uma forma inteligente, onde os mecânicos discutem quem ganhou a copa do mundo, ou quais países já ganharam. Sentados à mesa, almoçando eles falam que os times europeus contratam negros da áfrica, e grande parte dos integrantes são formados por esses negros, e se teria um campeão da copa do mundo seria a áfrica.

O machismo também é apresentado na narrativa, porém, de uma maneira sútil, tornando a discussão irrelevante, é um dos pecados do roteiro.

Voltando para o pequeno aprendiz, Ponmile, ele entra em algumas discussões de 'saberes'. Os mecânicos citam bastante a experiência, a vivência de tocar. Em uma dessas discussões o garoto mostra que poderia até não pode conhecer a parte prática, mas conhece a teórica, e em um dos momentos ele fala que existe a faculdade de engenharia mecânica, e que é possível aprender sobre mecânica na sala de aula.

O aprendiz de mecânico é o mais próximo de um curso dentro da realidade daqueles adolescentes e crianças. Ao concluir a fase de aprendiz eles são formados como o patrão. Deixam de ser aprendizes e podem ser patrões e também terem os seus próprios aprendizes.

Ponmile passa a enxergar a vida a partir de outra realidade, começa a encontrar e perceber pequenos valores naquele cotidiano. Passa a ouvir debates sob a perspectiva dos que vivenciam a realidade debatida. Conhece pessoas com habilidades interessantes, e não só um mero mecânico. O garoto foi levado pelo pai para aquele ambiente para ser intimado e passar a levar os estudos a sério, pois, a vida sem uma formação acadêmica não seria na justa para ele. Um garoto de 11 anos é provocado pelo pai a escolher ter uma vida fácil de segurar uma caneta ou a de segurar uma chave de fenda em suas mãos, mas o garotinho surpreende-o.

Apesar de ter uma narrativa boa, poderia ter sido trabalhada de forma mais confrontante, mas é um filme que vale a pena ser assistido.

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